Os dias 14 e 15 de agosto fizeram as delícias dos aficionados, sendo o fim de semana mais taurino em Portugal com inúmeras corridas e onde Grupo de Montemor teve dois grandes desafios.
fim de semana começou na praça mais antiga do nosso país, a Praça de Toiros de Abiul. Ao longo dos anos tem sido constante a presença do Grupo na feira Taurina de Abiul, mas este ano com uma responsabilidade ainda mais acrescida, uma vez que íamos como Grupo Triunfador da temporada de 2019.
O Cartel era composto pelos imponentes toiros da ganadaria António Charrua, pelos cavaleiros Luís Rouxinol, Manuel Telles Bastos e Marcos Bastinhas e pelos dois grupos de forcados alentejanos de Montemor e Évora.
Para abrir o fim de semana duplo o cabo António Vacas de Carvalho escolheu o forcado José Maria Cortes Pena Monteiro, um forcado que tem vindo a ganhar o seu lugar preponderante dentro do grupo tanto como ajuda, como de forcado da cara. Calhou-lhe em sorte o toiro mais pesado da corrida com 630kg, que se demonstrou bastante voluntarioso para o cavalo durante a lide. Apesar da pouca experiência e do peso do toiro, o “Zé Mole” não acusou a pressão. Saltou a trincheira tranquilo e sereno (como é seu apanágio) mandou no toiro do início ao fim, fazendo-o vir de largo, aguentou a investida e conseguiu um momento de reunião de encher as medidas. O toiro não complicou e o grupo fechou a pega “sem espinhas”. O Zé Maria deixou excelentes indícios de que pode vir a ser um excelente forcado de cara do grupo.
Para o segundo exemplar da ganadaria António Charrua, com 575kg, o eleito para a cara do toiro foi o forcado José Maria Marques. Vindo de pegas nas épocas anteriores com detalhes muito interessantes, tem procurado ganhar o seu lugar como forcado da cara.O toiro durante a lide mostrou ter grande sentido e bravura, impondo velocidade e nobreza à lide do cavaleiro Marcos B astinhas. O nosso “Zé Canino” brindou a pega ao seu tio João Sousa, excelente forcado do nosso grupo. Pondo o barrete de largo, caminhou bem para o toiro mas nunca conseguiu mandar no oponente, com o toiro a demonstrar-se inquieto em tábuas e acabando por sair solto e sem nunca romper para o forcado, viu por isso o momento da reunião dificultado. O Charrua acabou por ser mais brusco na reunião, o que não permitiu ao Zé Maria fechar-se na cara do toiro, acabando por fazer a viagem até aos ajudas pendurado e agarrado por um braço. Apesar de não ter estado perfeito e não ter sido a pega que o Zé Maria idealizou, demonstrou que sabe “andar” à Grupo de Montemor e que as pequenas falhas surgem pela falta de oportunidades e de rotatividade devido ao reduzido número de corridas dos últimos anos.
Para encerrar o primeiro desafio a que o grupo se propôs, foi escolhido o jovem elemento Manuel Carvalho. Forcado que tem tido poucas oportunidades, mas que tem demostrado nos treinos e na forma de estar e de viver o grupo que merece todas as que lhe são concedidas. O Charrua com 610kg demostrou-se complicado para um forcado pouco experiente, visto que durante a lide foram inúmeras as quedas, ainda que andarilho e lento. O “Carvalhinho” na primeira tentativa acabou por perder “os papéis” no momento da reunião, visto que esta foi lenta e exigia ter os olhos bem abertos para nunca perder o toiro. Para a segunda tentativa conseguiu corrigir e entender as exigências que o toiro impunha. A pega não foi a mais bonita, mas mesmo assim o grupo manteve os seus pergaminhos. Com o toiro a dar claros sinais de falta de força, obrigou-nos a ter de reduzir as vantagens e encarar a pega de uma forma diferente, mas sem nunca perder o nosso ADN.
O balanço do primeiro desafio foi positivo com três “novos” elementos a dar o passo em frente e a quererem marcar a sua posição no grupo. De salientar ainda o “nascimento” de um novo rabejador, Luís Vacas, que se estreou com a nossa jaqueta ao leme de um toiro com 630kg. Não acusou a pressão e agarrou as oportunidades que lhe foram dadas, com calma e classe. Apesar de estar “verdinho” mostrou que pode manter o legado que foi deixado pelos grandes rabejadores que têm vestido a nossa jaqueta.
A mítica data do 15 de Agosto — o dia mais taurino do mundo — em Reguengos de Monsaraz, tinha novamente no cartel o Grupo de Montemor. Uma data e uma praça que está na historia do Grupo desde 1945, numa corrida de 8 toiros da Ganadaria Paulino da Cunha e Silva, sendo que a ultima aparição do grupo nesta data foi em 2013.
Previa-se uma corrida séria e exigente com toiros da Ganadaria Mato-o-Demo, e com os cavaleiros António Telles, Filipe Gonçalves, António Prates e António Telles filho. As pegas ficaram a cargo dos grupos de Montemor e Monsaraz.
O calor pairava no ar e a emoção também… O primeiro exemplar que nos calhou tinha 654kg e logo no início da lide, infelizmente, atirou ao chão um dos GRANDES ícones da nossa festa, o cavaleiro António Telles ao colocar o segundo ferro comprido da tarde.
Foram momentos em que o sangue ferveu e a tensão aumentou… mas é nestes momentos que a calma e experiência do grupo têm que vir ao de cima. O toiro estava “inteiro” e o grupo ainda não estava ainda todo formado. Foi nesse momento que o Francisco Borges deu o passo em frente e assumiu a responsabilidade de “resolver” o problema, dizendo ao cabo que pegava o toiro, com o António Vacas de Carvalho a considerar ser o elemento indicado para tal, devido à sua experiência. A pega foi consumada à primeira tentativa. O Francisco esteve como só ele sabe e fez tudo como manda a “lei”. O toiro empurrou velozmente até as tábuas onde bateu com impacto, mas o grupo a fechou a pega de forma exímia. De salientar a Calma e Classe com que os 8 elementos tiveram à frente do toiro, que apesar da situação e do aparato, manteve sempre a forma de pegar que caracteriza nos caracteriza.
Quero desejar em nome de todo o Grupo de Montemor as melhoras ao António Telles, queremos ver o mais rapidamente possível o seu regresso às nossas praças com o seu sorriso e a sua forma ímpar de tourear.
O nosso segundo da tarde acusou 560kg na balança e foi lidado pelo cavaleiro António Prates. Demonstrou ser um toiro sério e que ia ser exigente para o forcado da cara e para o pegar foi escolhido o elemento José Maria Vacas de Carvalho, que vinha de uma grande pega em Évora.O Zé Maria prima pela calma, serenidade e tranquilidade que transmite. Pegou no barrete, brindou ao nosso elemento Francisco Godinho, recém-casado, citou de largo, mandou em todos os momentos da pega e acabou por estar exímio na arte de pegar, contando com uma primeira ajuda exemplar do Nuno Campelo e do restante grupo. O Zé Maria com esta pega demonstrou estar preparado para assumir a linha da frente do grupo, e ser um elemento válido para qualquer toiro.
O terceiro que nos calhou foi o toiro mais pesado da corrida, com 685kg. Toiro que estava destinado o grupo de Monsaraz, mas com as trocas dos cavaleiros acabou por ficar ao nosso cargo. Toiro imponente, sério, mas nobre e bom. Durante toda a lide foi exemplar tanto para o cavalo como para o capote. Foi eleito o forcado Vasco Carolino para a cara do toiro. A pega foi consumada à terceira tentativa, tecnicamente houve poucos detalhes a corrigir, o Vasco mandou sempre no toiro, fez as coisas como elas devem ser feitas e cresceu de tentativa para tentativa, faltando apenas aguentar os primeiros derrotes impostos pelo toiro para que tivesse sido a pega que ambicionava.
É de enaltecer a entrega com que todos os Ajudas se dispuseram em todos os toiros ao longo das duas corridas. A coesão e a entreajuda têm sido fatores chave para o sucesso das nossas corridas
Para fechar o fim de semana, o António VC decidiu mostrar que a Pega de Cernelha está viva no Grupo de Montemor e não é utilizada apenas como recurso. Um toiro com história, que já tinha sido sobrero o ano passado em setembro na Moita e que recentemente sofreu uma pneumonia que fez o com que não chegasse à praça no seu expoente máximo. Depois de seis toiros e com o grupo irrepreensível, eu e ao Bernardo Dentinho quisemos retribuir e fechar com chave de ouro este longo fim de semana. A entrada foi rápida e decidida, mas o toiro deu luta e isso fez com que a pega chegasse ao publico.De destacar ainda a corrida do Bernardo Dentinho, normalmente forcado de cara, assumiu a responsabilidade de rabejar os quatro toiros na ausência do nosso Sacaiozinho e em boa hora o fez. Olé Bernardo!
Duas Corridas, Sete Toiros, Sete forcados diferentes e Dez Tentativas. São estes fins de semana que marcam uma geração, que criam um grupo e fortalecem as amizades. Foram duas corridas para recordar com Excelentes Pegas de Grupo!
Corrida de Abiul:
José Maria Cortes Pena Monteiro – 1º Tentantiva – 630kg
José Maria Marques – 1º Tentativa – 575kg
Manuel Carvalho – 2º Tentativa – 610kg
Corrida de Reguengos de Monsaraz:
Francisco Borges – 1º Tentativa – 645kg
José Maria Vacas de Carvalho – 1º Tentativa – 560kg
Vasco Carolino - 3º Tentativa – 685kg
António Cortes Pena Monteiro e Bernardo Dentinho – 1º Tentativa (Cernelha) – 520kg
O mês de Agosto só agora vai a meio! Já no próximo sábado, dia 21 de Agosto, o grupo desloca-se à Praça da Nazaré para pegar três toiros da Ganadaria Passanha. No dia 26 de Agosto vamos estar presentes no Campo Pequeno para enfrentar um imponente curro da Ganadaria Veiga Teixeira e no dia 29 em Estremoz, frente a toiros de Voltalegre. Dia 5 de Setembro temos a nossa corrida, a tradicional Corrida de Setembro em Montemor.
O grupo está motivado e empenhado em que as últimas corridas do António como cabo sejam um êxito para ele e para o grupo.
Pelo Grupo de Montemor… Venha Vinho! Venha Vinho! Venha Vinho!
António Cortes Pena Monteiro
Corrida de Abiul (Fotografias - Simão Brites):
1ª Pega:








2ª Pega:





3ª Pega:





Corrida de Reguengos de Monsaraz (Fotografias - Pedro Ruas):
1ª Pega:








2ª Pega:






3ª Pega:





4ª Pega:



