O dia 5 de Abril era aguardado pela afición em geral com expectativa máxima: Inauguração da temporada em Lisboa no Campo Pequeno, a primeira praça no País, o cartel era atraente, toiros da Ganadaria António Silva - das mais sérias do país - e o cartel encabeçado por Rui Fernandes e completado por João Moura Jr e João Ribeiro Telles. Para pegar, os dois mais antigos grupos de forcados em actividade: Santarém e Montemor. Estavam reunidos todos os ingredientes para uma corrida cheia de competição e emoção. Ambiente fantástico com o coso lisboeta praticamente cheio. Os toiros não defraudaram: um curro de irrepreensível apresentação, com a transmissão que caracteriza a ganadaria.
Para o nosso primeiro perfilou-se o António Vacas de Carvalho. Em boa hora decidiu dar o exemplo, que seria o mote para um grande triunfo do Grupo! Citou sereno cá de trás, carregou de largo provocando uma alegre investida do oponente, aguentou bem o toiro, que humilhou bastante no momento da reunião (que por isso não foi a mais perfeita), mas o António puxou pelo “cabedal” e conseguiu emendar-se na viagem fechando-se muito bem. O grupo de ajudas liderado pelo Joaquim José Murteira Correia, o “Quim Zé”, ajudou bem e assim se consumou uma vistosa primeira pega do nosso grupo, rematada pelo rabejador Francisco Godinho.
Para o quarto toiro da corrida, o nosso segundo, foi escolhido o Francisco Borges. A pega foi brindada ao filho do malogrado empresário António Manuel Cardoso “Nené”. O Chico citou com a calma e presença que o caracterizam e quis mandar vir o toiro de largo, quanto a mim um bocadinho cedo demais, o que fez com que este se acobardasse obrigando o forcado a ter que entrar em terrenos de compromisso, só conseguindo provocar a sua investida em distâncias muito curtas com “brusquidão”, o que fez que ao tentar sacar-se tropeçasse no momento do toiro meter a cara, reunindo assim a dois tempos. Mas a vontade e preparação física permitiram-lhe fechar-se muito bem no “silva”, que vinha com muita pata. Apesar de uma excelente intervenção do Quim Zé a dar “segundas”, o resto do grupo não conseguiu ajudar. Estes erros pagam-se caros, sobretudo com toiros sérios… o toiro que fez a viagem pelo caminho com “pata”, cá atrás desfeiteou o forcado da cara, que se magoou na coluna e teve de ser dobrado. Para o emendar prontificou-se o João da Câmara. Andou seguro e calmo para o toiro, carregou e teve uma reunião muito boa, daquelas que tapa a cara ao toiro, o grupo voltou a estar mal nas ajudas, mas ao chegar lá atrás, o Pedro Borges - que estava a dar “primeiras” - conseguiu recuperar e dar uma bela ajuda com os restantes elementos a conseguirem fechar a pega, rabejada pelo Francisco Godinho. Desejamos todos as melhoras ao Chico e esperamos vê-lo rápido de regresso, para volta ajudar o grupo a triunfar!
No último toiro da noite - mais um muito sério - o António elegeu o Francisco Barreto para solista. O “Ico” andou para o toiro com garra, carregou de largo e o toiro arrancou “a mil”. O forcado da cara “alapou-se” ao toiro, teve um “primeirão” do António Pena Monteiro (que lhe valeu volta à praça a pedido do público com o forcado da cara), o resto do grupo ajudou com muita coesão e consumou-se a pega que mais gostei! Tudo bem feito, desde o forcado da cara, grupo a ajudar e pronta entrada do rabejador Francisco Godinho, com um toiro daqueles que “pede contas” e dá emoção às pegas!
Gostava de deixar uma palavra ao António Pena Monteiro, que antes da grande primeira que deu, teve um gesto de enorme generosidade, coragem e rapidez de reacção aquando do momento em que o Chico Borges ficou lesionado na arena, atirando-se para cima deste para o proteger no exacto instante que antecedeu a carga do toiro sobre o Chico, evitando assim uma colhida que poderia agravar a lesão. O António foi um exemplo, e tem sido noutros momentos, daquilo que é o espírito do forcado, a abnegação do eu em prol do grupo, aceitando as funções que lhe são dadas e o espírito de fraternidade que é suposto ser vivido nesta actividade ,que pretende ser uma escola de vida para homens bem formados! É isto que se pretende num forcado do Grupo de Montemor!
O Grupo de Santarém pegou por intermédio de Francisco Graciosa à terceira, Lourenço Ribeiro à primeira e António Taurino também à primeira. Conseguiram também uma grande actuação.
Uma corrida muito agradável onde os grandes triunfadores foram os forcados e os toiros!
O Grupo juntou-se depois num jantar para festejar o triunfo da primeira corrida (e logo na inauguração da temporada do Campo Pequeno)… Animação e copos não faltaram!
PELO GRUPO DE MONTEMOR,
VENHA VINHO!
VENHA VINHO!
VENHA VINHO!
João Braga
A corrida em fotografias (gentilmente cedidas por Maria João Mil-Homens):



























