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Évora, 4 de Junho de 2017

É com grande agrado que escrevo esta crónica, que me solicitou o meu querido amigo e actual cabo, António Vacas de Carvalho.

No Domingo passado presenciei um momento de grande relevância para o actual Grupo de Forcados Amadores de Montemor-o-Novo! Num momento em que assistimos a uma desvirtualizacao de tudo o que é genuíno, neste Mundo em que tudo é calculado, comprado e quase sempre previsível, somos por vezes brindados com momentos únicos de uma beleza e iluminação raras, em que a valentia e audácia do homem, confronta e supera a natureza. Essa foi a tarde para o Grupo de Montemor, que fez despertar em mim emoções que teimam em permanecer adormecidas! 

No primeiro da tarde, um lindo toiro jabonero de Calejo Pires com excelente apresentação (que acabou por receber o prémio com esse desígnio), coube a sorte da pega ao jovem forcado João da Câmara. Dando as devidas vantagens ao toiro, citou o animal calmamente e executou uma excelente pega "à Grupo de Montemor", como aprendemos com o Mestre. Apesar do toiro se desviar para a esquerda, o Grupo ajudou bem, destacando a ajuda do jovem António  Pena, que entrou oportunamente evitando que o toiro ficasse totalmente destapado. 

No terceiro da tarde calhou ao grupo um bom exemplar de Canas Vigoroux. Durante a lide demonstrou alguma incerteza na investida e pouca bravura, não obstante ter um “tipo sério”.  Para a cara deste toiro foi o forcado Manuel Ramalho, por quem nutro especial carinho. Emocionou-me bastante o seu brinde, sentido e sério, despertando em mim um sentimento de quase paternidade e protecção, como se nada de errado lhe pudesse ocorrer. Esteve muito bem em frente ao toiro o forcado " kamikase", que se reuniu e se agarrou incrivelmente ao oponente de Canas Vigouroux. Destaco a grande primeira ajuda de Quim Zé Murteira Correia, que se encontra num óptimo momento. “Filho de peixe sabe nadar, yo!”. Os restantes ajudas tiveram também imponentes e coesos. 

No nosso último,  o quinto da tarde, calhou em sorte um toiro da Ganadaria Veiga Teixeira muito bem apresentado, o mais bravo da corrida. Foi escolhido o forcado Francisco Borges para a sorte. Brindou ao cabo Antonio Alfacinha, do Grupo de Forcados Amadores de Évora, que passa seu testemunho na Corrida de São Pedro. Esteve enorme este já experiente forcado. Exemplificou a verdadeira arte de pegar toiros. No brinde, no cite, no mandar, travando e controlando a investida do toiro como  muito poucos sabem fazer. Enfim… um Maestro! Quero enaltecer também o papel importantíssimo de  todos os ajudas que estiveram ao seu mais alto nível. Os toiros pegam-se com oito! 

Abraço especial para o querido amigo e primeiro ajuda António Dentinho - que este ano se retira - sempre de coração aberto. 

Um recente amigo do SiriLanka, que presenciou pela primeira vez esta corrida de toiros, ficou estupefacto com tanta "arte misturada com loucura, um maravilhoso bailado de homens, em que o protagonista é o toiro ". É esta a humildade que o Forcado deve sempre ter.

Numa viagem com a Elsa pela Índia, um velho Sadu disse-nos : 

“Nada é impossível
Tudo é possível 
Nada é seguro 
Na vida a tudo se aplica!” 
Abraço deste vosso amigo 
Luís Filipe Roque 

A corrida em fotos:

Agradecemos, uma vez mais, à Maria João Mil-Homens, pelas fotografias e pela preciosa colaboração/disponibilidade.

Veja o vídeo das pegas, seguindo o link:

https://www.youtube.com/watch?v=rIFqCb9ULW8

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