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Corrida da União das Misericórdias no Campo Pequeno

Dia 17 de Julho de 2008, a Praça de Toiros do Campo Pequeno recebia a Corrida União das Misericórdias, data esta que ficará marcada como a que o cavaleiro João Moura Jr, em solitário, toureava seis toiros (no final toureou o sobrero) de várias ganadarias.

O jovem cavaleiro de Monforte, perfilou-se, por ordem de saída, com os toiros representantes das seguintes ganadarias:
- Conde Cabral, com 490 Kg
- Maria Guimoar Cortes de Moura, com 600 Kg
- Rio Frio, com 530 Kg
- Miura, com 630 Kg
- Francisco Romão Tenório, com 586 Kg
- Passanha, com 530 Kg
- Francisco Romão Tenório, com 535 Kg (saiu de sobrero)

Compunha o espectáculo, os Grupos de Forcados Amadores de Montemor-o-Novo, do Aposento da Moita e de Monforte.

Boa entrada de público, cerca de três quartos de casa, como vulgarmente se contabiliza, assistiram ao desenrolar de sete lides, muito semelhantes, onde a brega, antes e após cravagem da ferragem da ordem, é marca da casa Moura.

Destaco a lide do sexto toiro, principalmente a ferragem curta, onde o ginete de Monforte transfigurou o conclave, fazendo levantar das bancadas o público que o aplaudiu de pé.

No que toca à forcadagem, principalmente ao Grupo de Forcados de Montemor, no primeiro ano de plena responsabilidade do cabo José Maria Cortes, a corrida era de responsabilidade.

Responsabilidade todas as corridas o são mas, quer queiramos quer não, o Campo Pequeno faz aumentar ainda um pouco mais o peso da jaqueta de qualquer Grupo que ali se apresente.

O cabo José Maria Cortes, com serenidade, escolheu para cada toiro, certamente, os elementos que lhe davam mais garantias. Sendo certo que nem sempre as coisas correm como queremos, a verdade é que, só com a certeza que não vamos errar é que conseguimos alcançar os triunfos.

Como forcado da cara para o primeiro da noite, o cabo escolheu o forcado João Cabral.
O Cabral, forcado feito, que sabe estar em praça, soube tirar partido do que o toiro tinha para dar. Mostrou-se, citou com classe, mandou vir e, recuando o que a alma lhe disse para fazer, fechou-se à córnea para concretizar ao primeiro intento. Pena foi que a escassa força que o exemplar de Conde Cabral apresentava, lhe tirou a possibilidade de brilhar ainda mais e ao Grupo também.

Como tudo foi tão bem feito parece que é fácil, mas acreditem que não o é, tem-se que se estar muito bem, saber os terrenos que se pisa para que tudo resulte na perfeição, e foi o que aconteceu. Parabéns Cabral, estás um Forcado.

Miura em praça e, como não há heróis, os corações batem mais forte. Não de medo mas de respeito certamente. Também na bancada a expectativa é grande, a pega é o momento esperado e disso, todos estávamos ansiosamente a aguardar.

João Mantas foi o escolhido para forcado da cara.
Com a confiança que sempre sentimos no seu olhar, o Mantas tentou fazer o que podia para que tudo corresse bem. Ele, era o que mais desejava vir embarbelado na cabeça do Miura, pois só assim possibilitaria que o restante Grupo cumprisse a sua obrigação em parar o toiro.

Na primeira tentativa o toiro sai solto, a mais de meia praça, reuniu alto, impossibilitado o concretizar da pega.
Na segunda, duro a pôr a cara, e sem humilhar o que se desejava, despejou novamente o Mantas.
Na terceira, já mais em curto, o toiro mantinha a mesma investida, por alto e a não permitir veleidades.
Por fim concretiza a pega na sua quarta tentativa, com o Grupo mais em cima, mas o toiro ainda duro na reunião.

Tenho de destacar, agora que já sei, que na terceira tentativa o João Mantas fracturou o braço. Não lhe vimos dor no rosto, cerrou os dentes e concretizou na tentativa seguinte. O João Mantas é daqueles que mais vale quebrar que torcer, e o seu querer, que desde sempre mostrou, fez dele o Forcado que é reconhecido.

Mais uma pequena nota que caracteriza os grandes Forcados, mesmo sendo com insistência chamado pelo público para dar volta, entendeu ficar recolhido na trincheira, numa atitude que eu daqui aplaude de pé. Um Olé muito grande para ti.

Agora que recuperes e que seja breve o teu regresso, pois estamos todos ansiosos de te poder aplaudir na tua próxima volta à arena.

Por último, saiu o sobreo. Decidiu o José Maria Cortes dar ao Pedro Santos a responsabilidade de fechar praça pelo Grupo.
No último toiro que o Pedro tentou pegar, tinha recolhido para a enfermaria inanimado. Sabemos que a memória regista os acontecimentos que se vão passando na nossa vida, mas o Pedro Santos, soube como ninguém, lidar com a sua mente.

Forcado esclarecido, sabendo o que está a fazer dentro de praça, dá cada passo com a certeza do seu cite para se mostrar ao toiro. Assim que sentiu que este estava com ele, carregou-o, aguentou, tirou-lhe os passos necessários para não o descompor e fechou-se com garra para não sair.

A sua mente registará agora, por certo, estes momentos magníficos.

Estiveste muito bem, como já este ano, lembro-me em Montemor e Évora, também assim aconteceu. Está moralizado e sorte para os próximos.

Os forcados da cara são sempre aqueles que todos mais falamos, mas não querendo correr o risco de me esquecer de ninguém, e por isso não irei referenciar o nome dos ajudas nem dos rabejadores, tenho que acrescentar que os ajudas estiveram determinados e ajudar bem, e as pegas foram rematadas de forma superior pelos rabejadores.

Não foi uma noite redonda, entenda-se, pela VOSSA exigência de querem pegar todos os toiros à primeira, mas foi uma noite onde se viu o Grupo de Forcados de Montemor saber fazer bem as coisas e, quando as pegas não são concretizadas ao primeiro intento, com classe, sem RGF (reunião geral de forcados), sem garrafas de água à mistura, sem correrias nem arrepios, sabe-se estar em praça e “compor o Ramalhete”.

Quantos aos Grupos de Forcados que actuavam nessa mesma noite, pelo Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, concretizaram as suas duas pegas ao primeiro intento. Pelo grupos de Forcados Amadores de Monforte, concretizaram as suas pegas ao segundo e primeiro intento.

No final da corrida, o actual mais jovem da Dinastia Moura, Miguel Moura, actuou lidando um novilho de Francisco Romão Tenório, que foi apresentado com 335 Kg.

Mostrou desenvoltura durante a lide e chegou ao público com facilidade. Ficam registados alguns pormenores que, para um jovem de 11 anos, prometem um futuro promissor.

Este novilho foi pegado pelo Grupo de Forcados Juvenis do Aposento da Moita, ao primeiro intento.

Despeço-me com amizade, fazendo votos que o Grupo de Montemor tenha o resto da época em Grande, pois tem Forcados e um Cabo com capacidade para que assim aconteça.

Pelo Grupo de Montemor,
Venha Vinho…
Venha Vinho…
Venha Vinho…

José Fernando Potier

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